A crise interna: Feridas emocionais e Coronavírus

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É fato, a pandemia que do dia para a noite se instalou no Brasil e mundo,está trazendo uma grande sentimento de vulnerabilidade, medo e tristeza em todos nós; nos sentimos vuleráveis não apenas fisicamente mas também emocionalmente, afinal esse contexto de rápido contágio e expansão da doença, atinge um lugar frágil dentro em nós que é o “incerto” e da “falta de controle” daquilo que gostaríamos de poder controlar, e assim nos sentimos angustiados e impotentes.

Todos gostamos de nos sentir no controle da vida, de ter a sensação de liberdade e que temos escolha; e nesse momento, o que menos temos é controle do que acontece lá fora. A liberdade de ir e vir ficou muito restrita e a sensação de não ter escolha, ou seja, de ter que ficar em isolamento, é para comum a todos.

Porém, isso não significa que não podermos ter a sensação de “controle”, “liberdade” ou acesso a “escolhas” mesmo diante do contexto atual; mas para isso precisamos deixar de olhar para fora e começar a olhar para dentro.

O momento atual faz com que fiquemos emocionalmente “ativados” nos nossos medos e inseguranças, e essa é uma oportunidade da gente se olhar e se conhecer, pois em essência, esses sentimentos não são referentes apenas à situação atual, pois ss enos olharmos, vamos perceber que eles moram dentro da gente há bastante tempo.

Muitos, por exemplo, estão agora lidando com o medo da falta, que claramente a situação atual gera em todos nós, mas os que mais sofrem emocionalmente são os que já passaram por circunstâncias anteriores onde vivenciaram a falta de forma dolorosa em suas vidas, o que provavelmente lhes causou um trauma emocional e nesse momento de crise elas vivenciam isso com ainda mais intensidade.

Pessoas que também podem estar “ativadas” por traumas anteriores, são aquelas que sentiram em algum momento da vida que não tinham “controle” sobre as coisas que lhes acontecia, alguém que se sentiu sem escolha, passou por uma perda significativa, como por exemplo o diagnóstico de uma doença e está lá presa, como se não tivesse hoje escolha, e sente tudo isso com muito mais intensidade porcausa dessa questão interna.

Por isso, é importante revisitar esses traumas com acolhimento, carinho e proteção da sua criança interior, essa é a forma mais saudável de lidar com toda essa turbulência interna e externa, e liberar espaço e recursos emocionais para estarmos no presente, sentindo-nos mais empoderados, como adultos que hoje, apesar de todas as restrições, tem opções e alternativas.

Para isso, existem várias terapias que trabalham com a questão da liberação de traumas pessoais e até coletivos, que estão registrados no inconsciente de todos.

Para se olhar e se curar, existem várias formas de ajuda. A terapia mesmo em tempos de isolamento continua acessível através do mundo online, e existem muitos vídeos de meditações, técnicas e curas emocionais no youtube, como o EFT, Emotional freedom technique ou Técnica de Libertação emocional, que se baseia em um tipo de acupuntura com os dedos, na qual a pessoa pressiona meridianos da face e com isso reprograma seu emocional através de afirmações que ressignificam traumas vivenciados, liberando as emoções que também ficam presas em nosso corpo físico.

Enfim, as necessidades são individuais e o caminho também; porém nesse momento se autotransformar é uma responsabilidade que temos consigo mesmos e com o outro.

A psicanálise é a cura pela fala, assim como a psicoterapia de forma geral. Liberar conteúdos presos em você liberta uma energia vital armazenada que precisa fluir e nesse momento ser canalizada de forma harmoniosa e amorosa, consigo mesmo e com o outro.

O mais importante é voltar-se para dentro, pois é hora, e se não agora, quando?

O isolamento nos proporciona essa grande oportunidade. A questão é que cada um escolha o que quer para si, e essa escolha é só nossa.

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Fabiana Couto, Psicanalista com Especialização em Psicologia pela Universidade Golden Gate, EUA, Formação em Coaching pela Federação Internacional de Coaching, Experiência em terapêutica individual e em grupo.