Esse tema levanta muitas hipóteses e dúvidas para a família a respeito de se estão fazendo o certo ou não, se estão agindo da maneira mais adequada ou não.
Afinal, quando somos diagnosticados com diabetes a família inteira é afetada com a condição e não recebemos um manual de instruções sobre como lidar com isso. E assim, a gente vai aprendendo com os erros e acertos; mas existem algumas perspectivas que podem ajudar e quero compartilhá-las com vocês. Perspectivas essas que adquiri não apenas através da minha experiência com o diabetes, mas também trabalhando com outras pessoas e famílias que tem a condição, estudando, participando de cursos, simpósios, congressos e uma infinidade de oportunidades de conhecimento e aprendizado que quero cada vez mais compartilhar por aqui!
Em relação ao nosso tema da família, quero dizer que o extremo é uma zona de perigo e como a gente já sabe, nada que é demais faz bem. Muitas vezes nós nos deparamos com famílias que são protetoras a um nível extremo (entendo a insegurança de que algo mais sério possa acontecer, e por isso muitas vezes os responsáveis acabam puxando toda a responsabilidade para si), mas quero mostrar o outro lado, pois esse comportamento de extremo cuidado pode acabar incapacitando a pessoa que tem a condição, ou seja, é como se ela “transferisse” suas responsabilidades, pois sempre tem alguém que faça por ela. Isso é muito ruim devido ao fato de acabar incapacitando a pessoa não só em relação ao diabetes mas também para a vida de forma geral.
Ou seja, é importante refletir na hora de ajudar, e ao invés de fazer as coisas pela pessoa, ser um apoio, ou um facilitador do processo. Isso garante a autonomia e independência e ao mesmo tempo a confiança e sentimento de acolhimento que ela precisa para seguir adiante.
Sou mãe pâncreas. Tenho diabetes do tipo 03. Ninguém me ensinou como lidar com essa condição. Apenas a vida, sob a condução do Altissimo, me fez sensível às necessidades de minha filha. Ser uma mãe pâncreas é saber reconhecer na irritação o desejo de um colo. Também, como uma bolinha de cristal, entender que naquele enorme prato, desproporcional no tamanho, encontra-se importante hipoglicemia. Ser mãe pâncreas significa se adaptar, tornar-se conectada e mostrar-se aberta a um pedido de ajuda. Se o adolescente precisa de um tempo para conhecer seus limites, seu corpo, sua glicemia, como mãe pâncreas também contei com a sabedoria do tempo. E como vale a pena! Como vale a pena ter essa doçura ao meu lado.
Eu só tenho a acreditar na força do amor, no seu poder curativo. Acreditar na criatividade que posso ter, na força que tem a mecha no cabelo sobre uma autoestima machucada. Confiar em Deus e a Ele entregar dia a dia a minha filha. Ser mãe pâncreas é se tornar forte por ela, também um pouco “demente”; mas, acima de tudo, confiante. Tenho em minha filha um exemplo de força, de sensibilidade, de raça. Orgulho, amor e fé. Apenas isso.
Te amo, filha.
Querida Cristina. Lindas palavras e gesto. O amor é curativo e nos transforma. Um beijo grande para você e sua doce guerreira! 🙏😘