25 anos de diabetes e o momento que eu decidi parar de me sabotar

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Nesse mês de Outubro completo 25 anos com o diabetes tipo 1, e mais da metade desses anos eu não aceitei a condição, não cuidei de mim da forma como deveria, deixei a condição em segundo plano, fui empurrando com a barriga, do jeito que dava, chutando a insulina, vivendo com os altos e baixos glicêmicos, e me sentindo vítima do impacto que essa condição (mal gerenciada) tinha em mim, meu humor, meu bem estar, que de “bem” estava longe pois muitas vezes vivia com um frequente mal estar da glicemia alta ou baixa demais, lidando com o mal estar emocional que eu sentia por não conseguir aceitar a condição e ter que lidar com as variações glicêmicas constantes que não só faziam mal ao meu organismo, mas a minha mente e meu emocional.

Ia vivendo assim, sentindo que não conseguia assumir as rédeas da minha vida e que mesmo querendo melhorar, não  sabia como dar o primeiro passo e inclusive subestimava o que seria o “próximo passo”, pois pensava eu que não seria UM ÚNICO passo que resolveria todos os meus problemas, o que não seria mesmo… mas queria como um passe de mágicas sair daquela situação que eu achava que a vida tinha me colocado, e que depois, com mais consciência e humildade eu enxerguei que fui eu mesma quem me coloquei ali.

A ânsia de dar passos largos, sair logo daquilo, fazer “tudo certo”, me mantinha num desequilíbrio ainda maior, pois como não conseguia fazer “tudo certo”, entrava num outro extremo de largar mão de tudo e me desmotivar achando que “nada, nunca” seria diferente e que se ainda continuava caindo nos comportamentos antigos, era melhor então por lá mesmo ficar.

De forma geral, eu não aceitava que a mudança seria um processo e que tudo na vida começa sempre com um primeiro passo. Um passo que no meu caso foi decisivo, mas que não nem de perto “mágico”.

Decidir cuidar de mim mesma e sair da sabotagem foi incrivelmente difícil porque a primeira parte, ou seja, olhar para as escolhas que havia (ou não) feito e que me levaram para aquele lugar que não gostaria de estar, demandava uma coisa que de forma geral é muito difícil mas também muito libertadora: A auto responsabilidade.

Me responsabilizar pelas escolhas feitas e não feitas, pela minha insistência em não aceitar o diabetes e continuar brigando com a vida, ao continuar me colocando como vítima das circunstâncias, e refém do que a vida escolheu para mim, ao invés de perceber que diante de tudo aquilo não adiantava fazer birra e reclamar e que o único poder que eu realmente tinha, e a parte que mais estava subestimando, era a minha decisão de como iria lidar com o diabetes, e que isso já era o bastante para mudar todo o curso da minha vida.

O que você precisa para tomar a sua decisão de dar um primeiro passo no sentido que você quer ir? O que falta para render-se e aceitar ajuda? Aceitar que a vida não vem com um cronograma o qual que segue exatamente o seu tempo e suas vontades, mas que você pode ser seu grande porto seguro uma vez que fizer as pazes consigo mesma e acreditar em sua própria capacidade.

Meu processo de mudança não foi e não é mágico, mas começou há 11 anos atrás, a partir de uma decisão que eu tomei, que foi provavelmente a mais importante decisão da minha vida. Num quarto de hotel durante uma convenção a trabalho, conheci uma moça que como eu no auge dos seus 27 anos vivia um momento de luto em sua vida. O luto por ter perdido uma amiga. A causa? Disse ela, Diabetes tipo 1 mal gerenciada. Hoje vejo que essa na verdade foi a consequência, pois pelo que ela me disse na ocasião a grande causa da morte precoce dessa moça foi a não aceitação da condição.

Nesse momento fui impactada e percebi que se continuasse escolhendo não aceitar, eu poderia, mas não importava o que escolhesse, o diabetes continuaria lá, e nesse momento percebi que se insistisse nessa escolha, ela poderia me custar muito caro, poderia custar minha vida.

E foi nesse momento resolvi me render e não mais lutar contra, mas fazer as pazes não só com o diabetes, mas principalmente comigo mesma.

Esse foi o primeiro passo, mas a partir daí uma série de coisas foram acontecendo, conheci pessoas, comecei um tratamento multidisciplinar, iniciei o uso da bomba de insulina, recrutei muito apoio, e me dispus a melhorar… a decisão veio assim de uma vez, mas a mudança aconteceu aos poucos. Tive muitas recaídas, errei, acertei, voltei a comportamentos sabotadores, me senti mal por isso e resolvi voltar.

Mas o mais importante havia acontecido… e esse fato nada poderia mudar. Eu pela primeira vez olhei para mim mesma e decidi que a vida poderia ser diferente, que tudo poderia melhorar, mas que não cabia mais ficar esperando que essa mudança viesse de fora e que o ponto de partida desse processo seria a minha vontade, a minha consciência, o meu respeito para comigo mesma, e para com a minha vida.

A estrada da aceitação e do amor próprio não é uma reta, é cheia de desvios, e não há atalhos, mas ela vale a pena, basta que você tome uma decisão e essa poderá ser a decisão mais importante da sua vida.

Te convido a fazer isso agora, feche os olhos, sinta (sem julgamento) quais tem sido suas escolhas, apenas sinta e constate. Se elas não te levam onde você quer chegar, apenas se permita MUDAR!

Se assim decidir, e se precisar de apoio para continuar (e acredite, você vai precisar), faça parte e acompanhe o blog e a página do facebook, participe também de cursos e eventos online e presenciais que estamos sempre organizando em benefício do seu BEM estar 🙂

Com carinho,

Fabiana Couto

Fundadora do Movimento Divabética

 

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