A relação entre o diabetes e a saúde mental é algo pouco falado e reconhecido, porém, bastante presente na vida de muitas pessoas que convivem com essa condição
Diabetes, Depressão e Ansiedade
Muitos estudos divulgados por instituições renomadas de saúde e pesquisa, como a ADA (Associação Americana de Diabetes) e a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) demonstram que a depressão e distúrbios de ansiedade ocorrem duas vezes mais em portadores de diabetes (tanto DM1 quanto DM2) do que na população em geral, com prevalência maior em mulheres.
Alguns dos motivos para tal prevalência são: os efeitos fisiológicos de oscilação do açúcar no sangue que podem contribuir para a instalação de condições depressivas, fatores genéticos e os efeitos psicológicos de ter que cuidar de uma condição 24 horas por dia e sete dias por semana.
Círculo vicioso
A depressão e os transtornos de ansiedade tem impacto nocivo sobre o controle glicêmico e, por sua vez, o diabetes mal controlado intensifica os sintomas depressivos e de ansiedade. Ou seja, a pessoa entra num círculo vicioso, difícil de sair sem tratamento médico e psicológico.
Transtornos alimentares
Outra questão bastante importante é que uma vez a depressão instalada, ela abre a porta para outras condições como os transtornos alimentares, que acometem em média duas a três vezes mais pessoas com diabetes do que a população em geral, em especial jovens mulheres com Diabetes Tipo 1.
O Eating Recovery Center, centro referência no tratamento de transtornos alimentares dos EUA, explica a relação “Um foco necessário na alimentação e restrição dietética para o tratamento do diabetes tipo 1, como a contagem de carboidratos, o planejamento de refeições e a restrição alimentar, que embora sejam parte importante do gerenciamento do diabetes, por outro lado, podem criar um foco demasiado na comida, números e controle”.
Diabulimia
Um dos transtornos alimentares mais comuns entre pacientes DM1 é a Diabulimia – mas não exclusivamente, pois pessoas com diabetes também estão sujeitas a outros transtornos como bulimia, anorexia e compulsão alimentar.
A Diabulimia, em especial, se caracteriza pela omissão da dose de Insulina com o objetivo de perder peso. Deve ser considerada também, como diminuição ou retardo da dose de Insulina com o objetivo de perder peso. Esta prática pode ser somada a comportamentos compensatórios purgativos como vômitos, uso de laxantes, diuréticos ou exercício físico de forma excessiva.
Os principais sinais de alerta são:
- Não aderência ao tratamento prescrito para o diabetes
- Controle metabólico instável evidenciado pelos níveis elevados e Hemoglobina Glicada (A1c)
- Hiperglicemia (constante)
- Evitar que os pais observem a autoaplicação de insulina
- Ganho ou perda significativa de peso
- Dietas frequentes e preocupação excessiva com o planejamento das refeições e composição dos alimentos
- Visão negativa da imagem corporal / baixa autoestima
- Sintomas depressivos, incluindo o humor triste, baixa de energia, falta de concentração, fadiga e sono interrompido. Embora a depressão e comportamento alimentar perturbado muitas vezes coexistem, diabetes mal controlado também pode contribuir diretamente para sintomas depressivos.
*Fonte: Site SBD, Sociedade Brasileira de Diabetes
Caso você suspeite que isso esteja acontecendo com você ou sua filha(o), busque apoio profissional de um psicólogo e/ou psiquiatra, seu médico e também de uma comunidade, pois ter ao seu lado outras pessoas com quem possa falar e trocar experiências sobre o que está passando é fundamental.
Prevenção
Além de tratar o problema, é importante primeiramente preveni-lo. Assim, sabendo da maior propensão que as pessoas com diabetes têm de desenvolver quadros de saúde mental, que por sinal, ninguém está livre. É importante que seu estilo de vida seja um fator preventivo no desenvolvimento dessas questões. Algumas dicas na prevenção:
– Mantenha um bom controle glicêmico, porém saiba que oscilações acontecerão – afinal você tem diabetes – e o mais importante é que essas oscilações sejam corrigidas com rapidez, e que haja um aprendizado a partir daquele evento. Evite cair no erro de buscar a perfeição no diabetes e na vida, pois esse é um dos comportamento que leva as pessoas a muitos problemas de saúde mental;
– Pratique atividade física de forma saudável e equilibrada, pois ela é uma grande aliada da sua saúde não só física, mas também mental. E lembre-se que os excessos nunca são proveitosos e mesmo em relação à algo positivo como a atividade física pode te levar a um desequilíbrio
– Pratique a autoaceitação e o amor próprio. Sim, pratique! Pois esses comportamentos não são necessariamente algo natural para nós, pois geralmente não somos ensinados a nos amar; pelo contrário, aprendemos a nos criticar e nos julgar, mas podemos modificar isso se desenvolvermos uma nova atitude consigo mesmos. Nessa prática, um ótimo exercício que aprendi com a escritora americana Louise Hay, é o seguinte: Olhe no espelho, olhe em seus olhos e diga para si mesmo que se ama. A princípio pode parecer algo tolo e até falso, mas com a prática seu inconsciente começará a aceitar esse comando e sua autoestima e amor próprio vão se fortalecer.
Como diz o psiquiatra e psicoterapeuta Jung “Quando me aceito como sou, então posso mudar”
Ou seja, viva sua vida com diabetes, com equilíbrio, autocuidado e quando sentir que é momento de pedir ajuda busque o apoio que merece e precisa!