Você tem vergonha do valor da sua hemoglobina?

É incrível o peso emocional que damos a esse número.

Fato que ele é um número importante, que é um parâmetro para que saibamos como está indo o tratamento, mas porque será que nos sentimos tão culpados quando estamos fora da meta (ou quando os filhos estão), porquê temos vergonha de ir ao médico e mostrar aquele número (às vezes até desmarcamos a consulta), justamente no momento que mais precisamos dele.

A hemoglobina é um parâmetro mas é muitas vezes olhada (por nós mesmos) como o julgamento da nossa capacidade, competência e valor como pessoas, como mães e pais.

Eu já olhei muito para esse número dessa forma, como um reflexo de meu valor pessoal. Ou seja, se o número era “ruim” era porque eu era “ruim”; e isso, não preciso nem dizer que isso não me ajudou em nada a atingir meus objetivos, pois ao fazer tal associação, me sentia envergonhada, sem coragem de encarar o médico, pois não conseguia encarar a mim mesma. Ou seja, sumia por um tempo, e quando voltava estava ainda mais desencorajada.

Hoje vejo as coisas de forma bastante diferente, visão que certamente reflete positivamente na minha saúde. A hemoglobina para mim se tornou uma bússola, que mostra a direção que estou seguindo, e se essa direção me leva ao caminho que quero chegar.

Tirando esse peso emocional do resultado, passei a olhar para ele e analisá-lo com mais objetividade, aceitando as oscilações da hemoglobina, como aceito as oscilações da vida, porém sem perder o aprendizado que está por trás, e assim vou tomando as medidas necessárias para viver bem e com qualidade de vida, que tem sido meu maior foco nos tempos atuais.

A1C

Meu último resultado saiu hoje,  que foi o que me levou a escrever sobre o assunto. O resultado foi de 6.9%, ou seja, um valor  abaixo da recomendação oficial da ADA (American Diabetes Association), que é de 7.0% para a redução da probabilidade do desenvolvimento de complicações relacionadas ao diabetes, o que me deixa feliz, sim, claro!

Mas é possível melhorar… Já estive em 6.7% e sei que posso reduzir a hemoglobina mais ainda, sem tornar isso uma obsessão mas sim um respeito à mim mesma e minha qualidade de vida.

Meu próximo passo é a meta de 6.5%, e quero traçá-la juntamente com meu médico e profissionais de saúde, bem como minha psicanalista, com quem faço o trabalho analítico semanalmente e que me ajuda a cuidar da parte emocional que tanto influencia o tratamento, assim, com esse time, e meu comprometimento, penso que para chegar onde quero eu preciso estabelecer 5 prioridades:

1- Consultas a cada 3 ou 4 meses com minha médica para avaliar os gráficos, fazer os ajustes necessários, trocar e aprender;

2- Consistência de atividade física, fazendo algo que gosto;

3- Cuidar do emocional e buscar formas de me equilibrar no dia a dia;

4- Manutenção dos insumos em especial o sensor do sistema 640g (que evita em 75% do tempo a hipoglicemia) assim consigo chegar num valor de hemoglobina de qualidade, ou seja, sem muitas hipos;

5- Uma alimentação menos carregada de carboidratos, e com mais fibras! Carbo é um vício! E muitas vezes descarregamos emoções na comida (assim voltamos para o ítem 3)

Daqui 3 meses estarei de volta. Compromisso meu com vocês mas principalmente um compromisso meu comigo mesma 🙂

Então… Bora seguir nesse desafio de melhoria juntos? Essa é a minha meta, e as ações que eu vou tomar para chegar nela.

E qual o seu objetivo e como fará para chegar lá? O tratamento do diabetes é algo muito individualizado, onde cada caso é único, por isso as metas e caminhos a serem estabelecidos é algo bastante pessoal.

Pode ser que esteja com 10 de hemoglobina (como eu já estive) e queira reduzir meio ponto – o que já é algo bastante significativo na redução da probabilidade de complicações. Pode ser que esteja bem e queira manter, pode ser que esteja com a hemoglobina na meta mas queira reduzir as hipoglicemias.

Cada pessoa está numa etapa do seu processo mas todos estamos em busca de uma vida melhor, mais saudável, mais feliz, e isso, se assim desejarmos, nos une e nos fortalece.

Você não é sua hemoglobina, mas ela faz parte de você; assim como você não é seu diabetes mas ele também faz parte de você

#cuide-se #ame-se #brilhe

Beijo doce sem açúcar

Fabi Couto

 

 

O diabetes e as emoções

Emoções

As emoções nos movem. A própria palavra que vem do latim (e-movere) e significa “ato de deslocar, movimentar”, já diz isso.

Ou seja, elas são importantes para a vida, para a realização pessoal e coletiva. São as emoções que nos fazem acordar todos os dias em busca de nossos objetivos; são elas que nos motivam a formar uma família e estabelecer relações.

As emoções estão presentes em cada ato de criação da vida, por isso são tão fundamentais na nossa existência, nos tirando do lugar, nos movimentando em busca da melhoria e do crescimento.

Muitas vezes porém enxergamos as emoções como inimigas ou inadequadas, as que mais comumente rejeitamos são a raiva, o medo, a inveja. Porém, rejeitando ou não, todos as sentimos. Senti-las é o processo e o fluxo natural da vida, mas quando as rotulamos como “boas” ou “más” estamos perdendo contato com elas, ou seja, com o que elas estão querendo nos dizer; pois cada emoção traz uma mensagem por trás, e quando insistimos em não escutá-las, abafá-las e negá-las elas aumentam ainda mais para chamar nossa atenção.

É como uma bola de praia que você coloca embaixo d`água e fica segurando. Para você manter a bola ali embaixo você precisa investir muita energia e atenção. Porém diante da menor distração ou cansaço, ela pula, vindo à tona com toda força.

Da mesma forma são as emoções não sentidas e reprimidas. Elas aparecem de outras formas, uma delas, bastante comum para quem tem diabetes, é através das glicemias descontroladas sem razão ou justificativa.

De repente o controle glicêmico fica mais difícil e como não estamos em contato com nossas emoções demoramos para perceber que isso está relacionado à algo que está nos incomodando; assim vem uma reação física que é como um alerta de que algo em nós precisa de atenção.

Eu pessoalmente tenho, e já tive mais dificuldade de sentir minhas emoções, principalmente as que rotulamos como “negativas”;  por isso hoje vejo o diabetes como uma forma de autoconhecimento e de auto percepção, pois quando muitas vezes a glicemia sobe sem causa aparente eu me volto para dentro e me pergunto como estou, e se tem algo que preciso fazer pelo meu bem estar emocional; e muito frequentemente é exatamente isso que eu preciso para restabelecer o equilíbrio da condição, ou seja, uma pausa, voltar à meditação, falar com um amigo ou terapeuta, assistir um vídeo ou uma palestra que toca no tema que estou vivendo.

As emoções sempre têm algo a nos ensinar sobre nós mesmos. Reconhecê-las e acolhê-las é parte fundamental do tratamento do diabetes, é importante na mesma proporção como medir a glicemia e aplicar a insulina. Porém vivemos numa sociedade material e muito concreta, que  não nos estimula a olharmos para nossas emoções como fator determinante de nossa saúde, mas é nas sutilezas que você poderá se conhecer e assim atingir um melhor controle e qualidade de vida.

Se você não sabe por onde começar e como dar o primeiro passo em busca de sua saúde emocional, apenas permita-se sentir, sem julgamento, sem condenação. Apenas perceba suas emoções, sinta sua raiva, seu medo, sua inveja, tudo isso faz parte de você mas não é quem você é.

As emoções são o que nos movem. Por exemplo, a raiva, se bem direcionada, pode ser uma grande propulsora de movimento e transformação na vida de uma pessoa. Isso não significa bater boca com todo mundo e se revoltar, muito pelo contrário, significa ter um diálogo interno para escolher como lidar com as emoções sem ser refém delas.

Pare de fugir de suas emoções e de si mesmo. Olhe-se. Aceite-se. A vida é pura ambiguidade, e as emoções também.

Perceber isso e usar isso a seu favor é um passo determinante para um melhor gerenciamento do diabetes e para uma vida mais plena e feliz.

Os resultados que você quer dependem de você

arvore frutos

A dura e libertadora verdade é que ninguém vem para nos salvar.

Ninguém vai nos salvar a não ser nós mesmos.

Viemos com a capacidade de sermos responsáveis pela própria vida e o erro maior que cometemos é quando tomamos a vida do outro como responsabilidade nossa e esperamos que ele faça o mesmo, tomando responsabilidade pelas nossas vidas e nossos resultados.

Essa inversão do nosso foco provoca grande insatisfação e claro, problemas. Pois assim colocamos nossa energia fora, sem perceber que estamos deixando de lado nosso real poder, pois só podemos agir e modificar a nós mesmos, só temos real alcance sobre nossas próprias atitudes e nossas vidas.

A árvore que dá frutos é a árvore que conheceu a luz do sol, foi nutrida pelo solo, irrigada pela chuva, se fortaleceu e assim deu frutos.

É verdade que ela recebeu ajuda e não deu frutos exclusivamente sozinha. Isso nem na natureza nem na humanidade existe. Somos todos seres interdependentes. Porém, a capacidade de dar frutos já estava lá, dentro dela, ela sempre foi uma árvore frutífera que só precisava das condições certas para frutificar. 

Poderia ela, porém, ter todos os cuidados necessários, mas sem a capacidade de gerar o fruto, jamais produziria tal resultado.

Assim somos nós. Podemos e precisamos contar com a ajuda e recursos externos em nosso próprio processo de florescimento e frutificação. Porém, são primeiramente os recursos internos que possuímos que nos possibilitarão produzir os resultados que almejamos.

Para isso, é preciso fortificarmos nosso solo interior, regarmos, cuidarmos, nos conhecermos, nos melhorarmos. Para isso é necessário investir em si, cuidar da mente, do corpo, do espírito e potencializar assim nossa capacidade de produzir frutos, ou seja, resultados.

Tudo começa de dentro para fora e a realidade e o que você vê  na sua vida é reflexo de você mesmo. De seus pensamentos e ações. Então, pergunte-se nesse momento, com sinceridade e abertura para ouvir a resposta “Como está meu solo interno? Como tenho cuidado do meu potencial de realização? Esse solo condiz com a vida e o futuro que eu quero colher? Quais as sementes que eu estou plantando? quais as que preciso plantar?”

Não sabe exatamente que sementes está plantando? Olhe para fora e veja onde você gostaria de melhorar. A vida responde sempre através da lei da atração. O que está dentro está fora, e o que está fora está dentro, por isso o trabalho de cuidar do seu interior é tão importante e necessário.

Os resultados que você quer dependem de você!