Você e eu somos mais que um número

Os números fazem parte do nosso dia a dia, não é mesmo? Notas na escola, horários e datas a serem cumpridos, até mesmo número de curtidas naquela foto do face (sejamos sinceras que esse é um número que a gente se importa), e por aí vai…

Para quem tem diabetes tipo 1 os números estão ainda mais presentes, ou seja,  múltiplas medições de glicemia, contagem de carboidratos a cada ingestão de alimento, cálculo das doses de insulina, resultados de hemoglobina glicada, etc.

Todas essas medidas são necessárias no gerenciamento adequado da condição e elas qualificam se o diabetes está sob controle ou não. 

Até aí, tudo bem, porém, para nós que lidamos com esses números o tempo todo, pode ser fácil nos confundirmos e deixarmos que esses números determinem também nosso valor como pessoa.

Como assim, Fabi? Bom, eu explico… Se estamos indo bem, obtendo resultados desejáveis, isso pode emocionalmente significar que somos capazes e que temos valor. Porém o inverso também é verdadeiro; ou seja, quando não estamos atingindo as metas desejáveis, podemos nos sentir incapazes e fracassados.

E assim nosso valor como pessoas fica muito fragilizado diante uma medida externa e tão inconstante quanto a glicemia.

Se a gente pudesse colocar nosso pensamento no papel nesse momento viria algo assim “se o diabetes está controlado, eu sou boa e se ele está descontrolado, eu sou má”.E isso não se aplica exclusivamente a quem tem diabetes, mas também aos pais, que sentem-se muito responsáveis e as vezes culpados com os resultados que aparecem na tela do medidor.

Eu, quando morei em São Francisco, na Califórnia, trabalhei num programa de resiliência emocional de uma Universidade, desenvolvido especialmente para jovens com DM1, e nossa grande tarefa como facilitadores do programa era ajudar esses jovens a compreenderem que o número do glicosímetro é apenas um número que nos informa uma ação a ser tomada e que traz um aprendizado a ser assimilado, por isso não devemos nos julgar, afinal o diabetes não é uma ciência exata, e a única forma de melhorarmos nosso gerenciamento é através da tentativa e erro. 

Assim, se não aceitarmos o “erro” vamos sofrer mais e o diabetes vai ficar mais pesado, mas não necessariamente “melhor”, na verdade isso pode dificultar ainda mais o gerenciamento em si pois pode adicionar uma carga a mais de estresse e ansiedade, que já sabemos, vai afetar a glicemia e possivelmente nos deixar ainda mais sobrecarregados.

Às vezes podemos sentir uma ansiedade, um desânimo sem conseguir entender que isso pode vir dessa cobrança constante que sentimos em busca dos números “ideais” que na realidade são difíceis, senão impossíveis de atingirmos o tempo todo.

Isso significa então desistir de lutar por números melhores? De jeito nenhum… A questão é como lidamos com essa busca pela melhoria.

Precisamos ser mais leves, pois se hoje “deu ruim” não adianta se sentir a pior pessoa. Você pode até ficar triste e cansada, tudo bem, todo mundo fica, e não devemos florear nossos sentimentos, pois eles são reais, porém, é importante passar por isso sem  ficarmos nos culpando porque não deu certo dessa vez.

O número no glicosímetro é um norte, uma bússola, é meio e não fim. Mas como eu sei que na vida real muitas vezes é difícil praticar esse pensamento, quero te passar uma dica prática para nós divas começarmos a mudar isso:

Para lembrar-se que você é mais que aquele número na tela do medidor coloque no seu glicosímetro ou sensor a frase: “Esse é apenas um número” e repita toda vez que for necessário, como um mantra na sua mente. Isso te ajuda a responder e não reagir à situação.

Nossa  busca rumo ao gerenciamento do diabetes não é pela perfeição mas pelo progresso, e isso inclui dias bons e ruins, o importante é que os dias bons sejam mais prevalentes que os ruins; e se esse não for seu caso, e estiver vivendo muito mais fora do que na meta, vale a pena buscar apoio para mudar a situação, pois, sim, você pode!

Abaixo deixo a foto da Catarina Frolini , uma linda e “bombada” DM1 de 10 anos e 1 ano e 3 meses de diabetes, que é uma das pessoas que me inspirou a criar a comunidade Divabética. A Catarina faz sessões de coaching comigo e após uma conversa sobre a ansiedade que as hiperglicemias causam, ela escreveu no quadro que tem em casa essa mensagem para se lembrar que ela e o número são coisas diferentes 🙂

Cata perfilfrase Cata.png

Que tal se inspirar no exemplo da Catarina e colocar também essa frase em algum lugar que você veja várias vezes ao dia?

Lembre-se: Você e eu somos muito mais que um número….

No meu próximo post falarei sobre outro temido número… O da balança, e porquê não somos o nosso peso e como podemos nos livrar dessa pressão interna para sermos magras e estarmos dentro de um padrão pré-estabelecido.

Por que sim, nós merecemos ser mais livres e felizes exatamente como somos!

Siga nossa página no facebook: www.facebook.com/divabetica e Instagram @divabetica_comunidade

Beijos de diva para diva

Fabi Couto

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *